Como fazer bons mapas conceituais?
Os mapas conceituais (MCs) são organizadores gráficos que representam o
conhecimento e facilitam a aprendizagem significativa. O sucesso dos MCs em sala de
aula depende do entendimento dos fundamentos teóricos relacionados à técnica.
Apresentamos quatro parâmetros de referência que ajudam a relacionar teoria e
prática. Três atividades foram desenvolvidas a partir deles, visando o treinamento de
usuários iniciantes. Dois MCs são apresentados para destacar o papel dos parâmetros
de referência na avaliação da proficiência dos alunos na elaboração de MCs.
Os organizadores gráficos são ferramentas úteis para representar o conhecimento,
auxiliando na retenção e recuperação de informações durante o processo de
aprendizagem (VEKIRI, 2002). Esse benefício pode ser explicado pelo
processamento da informação na memória de trabalho. A Teoria da Dupla Codificação
explica que os estímulos verbais (palavras, conceitos, textos) e imagéticos (figuras,
arranjos espaciais, cores) podem ser processados simultaneamente na memória de
trabalho, sem causar sobrecarga (PAIVIO, 1990). Por causa disso, organizadores
gráficos, tais como esquemas, fluxogramas, cronogramas e mapas mentais podem
potencializar a aprendizagem.
Entre os vários tipos de organizadores gráficos, a técnica de mapeamento conceitual,
desenvolvida por Joseph Novak na década de 1970, vem sendo a nossa opção para
representar os modelos mentais idiossincráticos dos indivíduos. A necessidade de usar
proposições (Figura 1), contendo um termo de ligação para expressar claramente a
relação conceitual, é o que torna os mapas conceituais (MCs) mais poderosos do que
os demais organizadores gráficos (DAVIES, 2011).
Os MCs são diagramas proposicionais
organizados de forma hierárquica, sempre com o objetivo de responder a uma
pergunta focal (CAÑAS; NOVAK, 2006). Além disso, os MCs foram desenvolvidos com
base na Teoria da Assimilação através da Aprendizagem e Retenção Significativas de
Ausubel, que prevê a organização do conhecimento em conceitos e proposições. Essa
visão epistemológica subjaz e justifica a utilização dos MCs em sala de aula como
forma de representar os modelos mentais dos alunos.
A aprendizagem segundo Ausubel pode ser descrita em um continuum entre dois
extremos, denominados aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa (Figura
2). A aprendizagem mecânica é caracterizada pelo estabelecimento de relações
arbitrárias e literais entre os conhecimentos prévios (A) e a nova informação (a). Como
há pouco esforço para criar sentido ao relacioná-los, a nova informação pode ser
esquecida após curto período de tempo, sendo difícil utilizá-la em um novo contexto. A
aprendizagem significativa implica no estabelecimento de relações não arbitrárias e
não literais entre os conhecimentos prévios (A) e a nova informação (a), onde o sujeito
age intencionalmente para criar significado entre eles, de modo a transformar seus
conhecimentos prévios (A’). Essa transformação causada pela nova informação é
conhecida como obliteração, sendo essa uma maneira eficaz de reter novas
informações na estrutura cognitiva. A nova informação não é mais distinguível do
conhecimento prévio transformado (A’) e o sujeito pode aplicá-la em contextos
diferentes daqueles em que ocorreu a aprendizagem. Essa aplicação da nova
informação é possível mesmo depois de decorrido um longo período de tempo
(AUSUBEL, 2000, MAYER, 2002, MOREIRA, 1998, MOREIRA, 2006).
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