Estratégias de Aprendizagem


A cada dia tento ler mais sobre os processos de diversificação de ensino para melhorar a aprendizagem dos meus alunos sejam presenciais ou online. E quanto mais leio mais me apaixono por isso! O quanto podemos avançar em estratégias e acabei hoje me deparando com esse texto da Profa. Carla Barbosa publicado na Revista Angolana de Ciência e Epistemologia, Volume 1, Nº 1, 2015: 133-141 que fala sobre Análise epistemológica que favorecem o processo de ensino-aprendizagem nos estudantes do ensino superior!

As estratégias de aprendizagem permitem que os estudantes se transformem em aprendizes estratégicos e que, consequentemente, melhorem, em consciência, os seus pré-requisitos de estudo desenvolvendo procedimentos ou atividades com o intuito de facilitar a aquisição, armazenamento e utilização da informação. Se os possuírem, juntamente a outras habilidades, convertem-se em aprendizes caracterizados pelo êxito. De outra maneira, o fracasso será quotidiano. A maioria dos estudantes não utiliza estratégias adequadas para alcançar uma aprendizagem significativa. Um dos fatores que influi no alto índice de reprovação e no nível acadêmico dos estudantes consiste nas dificuldades de aprendizagem enfrentadas.

Como são classificadas as Estratégias?

1. Estratégias de repetição: têm a finalidade de facilitar a aprendizagem associativa entre os diversos elementos que formam uma oração ou um texto buscando conexões para aprender, como no caso da memória. A memória é a capacidade de reter informação para se utilizar no futuro.

2. Estratégias de organização: São as mais utilizadas pelos estudantes e classificam-se entre as seguintes:
a) Sublinhar: permite ressaltar as ideias mais importantes, valendo-se de traços, símbolos de realce, chamadas de atenção, entre outros.
b) Esquema: permite representar graficamente a estrutura de um texto. Num esquema pode-se observar a hierarquia de ideias, assim como as relações causa – efeito e as relações entre o todo e as partes, entre outras.
c) Resumo: permite expressar as ideias essenciais, de forma breve e precisa, com as palavras próprias do aluno.
d) Quadro comparativo: permite expressar as ideias essenciais, de forma breve e precisa, com as palavras próprias do aluno.
e) Mapa conceitual: permite contribuir para a compreensão dos conhecimentos que o estudante deve aprender, implicando a prática de um pensamento reflexivo e estabelece relações entre a nova informação e as informações já na sua posse. Os elementos que compõem o mapa conceitual são o conceito formado pela palavra que se utiliza para imaginar fatos, ideias, entre outras; e as palavras responsáveis pela formação do enlace que une dois conceitos e indicam uma relação entre eles.
f) Mapas mentais: É um organigrama em que se expressam as ideias centrais de um tema e as relações entre elas, para o qual se requer fazer uso de um conjunto de cores, desenhos e formas. As características dos mapas mentais são as seguintes: pensar com palavras e imagens implica que a informação permita relacionar palavras com imagens, incrementando assim as habilidades do cérebro, hierarquizando-as e categorizando- -as, referindo-se à ordenação e estruturação do pensamento através da hierarquização e da categorização. 

Estratégias de recuperação de informação: favorecem a procura da informação na memória e a geração da resposta; dito de outra maneira, servem para manipular (optimizar) os processos cognitivos de recuperação ou lembrança mediante sistemas de procura e ou geração de uma resposta. Apoiam-se no sistema cognitivo e necessitam contar com a capacidade de recuperação e de lembrança deste conhecimento armazenado na Memória de Longo Prazo (MLP), classificando-se assim em: a) Estratégias de Procura: principalmente as condicionadas pela organização dos conhecimentos na memória, resultantes por sua vez das estratégias de codificação. A qualidade dos “esquemas” (estruturas abstractas de conhecimento) constitui o campo de procura. Consequentemente, as tácticas de procura que têm lugar em um indivíduo têm correspondência com os esquemas utilizados pelo mesmo para a codificação. Os “esquemas” permitem uma procura ordenada na memória e ajudam à reconstrução da informação procurada. Supostamente são estratégias que transportam a informação desde a MLP até à memória de trabalho a fim de gerar respostas. Transformam a representação conceptual em conduta, os pensamentos em acções e em linguagem. As estratégias de procura servem para facilitar o controlo ou a direcção da procura de palavras, significados e representações conceptuais ou icónicas na MLP. Fundamentalmente, neste campo, vêm-se constatando duas estratégias: 
b) Procura de codificações de acordo com o princípio da codificação específica. c) Estratégias de geração de resposta: que derivam de uma conduta adequada à situação. As tácticas podem adoptar uma disposição sequencial: livre associação, ordenação dos conceitos recuperados por livre associação e redacção da organização.

Estratégias metacognitivas: apoiam-se, por um lado, no conhecimento que um estudante tem dos próprios processos em geral e de estratégias cognitivas de aprendizagem em particular e, por outro, na capacidade de manejamento das mesmas. As estratégias de auto-conhecimento podem consistir em alguns aspectos, entre os quais, o que fazer (conhecimento declarativo) – por exemplo, um mapa conceptual –, como fazer (conhecimento procedimental), quando e porque fazê-lo (conhecimento condicional). O importante para o estudante é saber quando utilizar uma estratégia, seleccionar a adequada e em cada momento comprovar a eficácia da estratégia utilizada. O auto-manejo dos processos de compreensão (Cook & Maeer In Gallego, 1994), procura estabelecer metas de aprendizagem para um material de planificação; avaliar o grau em que tal vai sendo conseguido (avaliação) e rectificar se os objectivos planificados são alcançados (rectificação). 

Estratégias sócio-afectivas: derivamdosfactoressociais queestão presentes nas estratégias e que servem para controlar, canalizar ou reduzir a ansiedade, os sentimentos de incompetência, as expectativas de fracasso, a auto eficiência, o foco de controlo, a auto-estima académica entre outros, que aparecem quando os estudantes enfrentam uma tarefa complexa, larga e difícil de aprendizagem, classificando-as entre o nível de aspiração, o auto conceito, as expectativas de auto-eficiência, a motivação e o grau de ansiedade/relaxação com que o estudante se dispõe a trabalhar. Esta época se caracterizou por diversos e complexos fenómenos, a globalização e o desenvolvimento científico e tecnológico rápido e complexo diversificaram as fontes de acesso ao conhecimento, gerando a necessidade de se desenvolver importantes modificações nas funções, particularmente no que concerne à sua tarefa de generalização e distribuição social do conhecimento. Estas mudanças não se limitam às formas em que se produz conhecimento, mas no que se alcança de maneira inaudível, bem como às modalidades através das quais se organiza pedagogicamente e se faz chegar a todos os indivíduos o conhecimento, através de práticas e dinâmicas de ensino e de aprendizagem. No contexto actual, a procura e a necessidade de se formar recursos humanos preparados para enfrentar novas necessidades fez com que a actividade académica tradicional, particularmente no ensino superior, tenha visto reduzida a possibilidade de cumprir esta tarefa. É internacionalmente reconhecido que os modos vigentes de formação profissional resultam inadequados perante as características do novo contexto devido à limitação da formação ao espaço escolar, onde os estudantes consomem informação especializada. Em ocasiões extra-escolares adquirem-se habilidades e, eventualmente, atitudes e valores implicados em perfis estabelecidos, com base em certas suposições acerca do indivíduo, dos seus processos cognitivos e socio-afectivos, assim como na actividade que estes realizarão enquanto profissionais. Organizações internacionais tais como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, assim como certas dependências que ditam a política educativa no mundo, coincidem num conjunto de regras, no que diz respeito às deficiências e insuficiências nos resultados educativos. Questiona-se, especialmente, a caducidade e pertinência que se obtêm na aprendizagem, que não perece corresponder às demandas do mundo contemporâneo e fazem-se diversas recomendações orientadas para superar essas situações. Algumas dessas recomendações para o uso das estratégias de aprendizagem mais adequadas para os estudantes, são analisadas no parágrafo seguinte.

Propostas de Estratégias de Aprendizagem para o Desenvolvimento do Processo de Ensino-aprendizagem dos Estudantes do Ensino Superior

A atualização e a formação dos diversos profissionais que se encontram no campo da docência deve-se orientar no sentido de uma postura inovadora e estratégica. As instituições universitárias devem gerar estratégias idôneas dotando de recursos teóricos e didáticos para os docentes e estudantes do ensino superior. Os próprios docentes, por sua vez, devem adicionar à formação estratégica uma atualização constante. Considerando que todas as estratégias de aprendizagem são de suma importância no processo de ensino-aprendizagem, recomenda-se a utilização e aplicação de todos os conceitos relacionados e abordados anteriormente, considerando que entre eles se destaca o valor e a aplicabilidade das estratégias de organização, por constituírem um recurso eficaz para o processo de aprendizagem dos estudantes e para a organização do conteúdo, das ideias e da estruturação dos conhecimentos. A análise epistemológica sobre a estratégia de aprendizagem para os estudantes do ensino superior leva à reflexão e análise sobre as estratégias mais eficazes concernentes à facilitação da aprendizagem associada às capacidades de retenção, processamento e utilização da informação entre os estudantes e na sua capacidade de resposta ao futuro profissional.


CONCLUSÕES • A Aprendizagem converteu-se num dos maiores desafios da nossa sociedade. Num mundo cada vez mais complexo e globalizado com tendência para a mudança, não pode haver conformidade a um conjunto predeterminado e finito de saberes adquiridos, dentro de um contexto universitário. • A transformação do estudante requer mudanças na sua estrutura cognitiva. Isto implica um conhecimento suficiente, tanto das capacidades, das destrezas, das habilidades e das atitudes do estudante, bem como das capacidades associadas aos campos do conhecimento, com a intenção de desenhar estratégias de aprendizagem orientadas para o seu desenvolvimento. • As estratégias de aprendizagem constituem um valioso recurso para professores e estudantes, fundamentalmente para o desenvolvimento dos últimos e da sua perspectiva no sentido de uma aprendizagem sempre em desenvolvimento.

RECOMENDAÇÕES • Complementar o domínio das estratégias de aprendizagem no sentido de favorecerem o desenvolvimento das capacidades cognitivas dos estudantes, prestando especial atenção à aprendizagem de habilidades que permitem aprender a aprender e interpretar, organizar, abalizar e utilizar a informação. • Transformar os processos pedagógicos de forma que todos os estudantes construam aprendizagens de qualidade. Os processos pedagó- gicos devem estar centrados no estudante, utilizando uma variedade de situações e estratégias de modo a que todos e cada um realcem aprendizagens significativas, participem activamente neste processo e cooperem entre eles. • Utilizar estratégias adequadas para se alcançar uma aprendizagem significativa, com o objectivo de se obter uma aprendizagem eficaz no ensino superior. 


Revista Angolana de Ciência e Epistemologia, Volume 1, Nº 1, 2015: 133-141

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Deficientes Físicos na Biomedicina?

Biomédicos nas Forças Armadas: Marinha, Exército ou Aeronática qual é o seu sonho?

Por que o Biomédico não está em todos os concursos?